quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Segundo a ONU o combate da desigualdade no Brasil está indo certo

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Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), de 2000 a 2010 o Brasil diminuiu a desigualdade entre as regiões metropolitanas, principalmente entre o Norte e o Sul.
A diferença entre São Paulo, com o maior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), e Manaus, na pior colocação, era de 22,1% em 2000. Dez anos depois, este porcentual caiu pela metade, chegando a 10,3%.

Apesar disso, a desigualdade dentro das regiões metropolitanas ainda é alarmante. “Encontramos bairros com renda per capita média mensal de mais de 7 mil reais, e outros na mesma região onde ela não chega a 200 reais. Ou seja, a renda é até 35 vezes maior“, aponta o representante brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Jorge Chediek.
No período, todas as 16 regiões metropolitanas pesquisadas registraram avanços e atingiram a faixa de Alto Desenvolvimento Humano, com IDHM acima de 0,700. São elas: Belém, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Distrito Federal, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luis, São Paulo e Vitória.
Entre as dimensões avaliadas, Chediek destacou os avanços na educação, em comparação a renda e longevidade. “Partindo do patamar bem baixo que o Brasil tinha há 20 anos, o aumento da quantidade de anos de estudos foi uma melhora espetacular“, disse, em entrevista à Deutsche Welle.
DW Brasil: As disparidades entre as regiões Norte e Sul diminuíram. Mas ainda há enormes desigualdades entre os municípios e bairros. Como as políticas públicas podem ser direcionadas para minorar esses problemas em escalas distintas?
Jorge Chediek: As disparidades entre as regiões metropolitanas, assim como a desigualdade dentro de cada uma delas, caiu nos últimos anos. Então a tendência é positiva. Efetivamente, ainda persistem diferenças muito altas dentro das regiões. Para isso, a recomendação é uma maior focalização das políticas públicas. A boa noticia também é que esses dados são de 2010 e, nos últimos anos, a desigualdade continuou caindo. Muitos dos programas sociais lançados ou aprimorados têm como objetivo a redução dessas disparidades. Então tudo indica que, nos próximos anos, teremos resultados ainda melhores.
 senhor pode dar exemplos de quais seriam essas políticas públicas?
O pacote do Brasil Sem Miséria, com o princípio de busca ativa, que tentou chegar às populações que não tinham sido cobertas pelos programas sociais. Isso seguramente registra um avanço dentro das áreas metropolitanas. Provavelmente o programa Mais Médicos também vai dar resultado nos próximos anos, porque utilizou como critério de distribuição de profissionais justamente aqueles municípios com menores índices de desenvolvimento humano. Também os programas de moradia como Minha Casa, Minha Vida, e os de água e esgoto estão contribuindo para a melhoria desses indicadores.
Em termos da renda, o que pode ser feito para minorar essa disparidade?
Primeiro, manter os programas de transferência de renda para tentar eliminar a miséria. Depois, melhorar a inserção laboral das pessoas, para que elas criem seus próprios negócios e tenham capacitação profissionalizante, como está fazendo o governo com o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Também disponibilizar mais bens sociais, como moradia e serviços públicos de maior qualidade. São fatores críticos para reduzir a desigualdade, que não pode ser combatida em apenas uma dimensão, precisa de um trabalho conjunto.