Populares aproveitaram a greve da Polícia Militar para saquear estabelecimentos
Apenas três dias de greve da Polícia Militar de Pernambuco foram suficientes para instaurar um clima de terror no Estado. De acordo com a Polícia Civil, 27 homicídios foram registrados até o fim da paralisação, na noite dessa quinta-feira (15). Só no Grande Recife, foram presas 234 pessoas por causa de furtos, roubos, perturbação do sossego, porte ilegal de armas e danos à propriedade. Mas o que mais assustou a população foi a reação e oportunismo das pessoas envolvidas nos crimes. O ocorrido dividiu opiniões entre os que acreditam que todos são criminosos e os que defendem a atitude de vandalismo como resposta da sociedade à exclusão e opressão.
Para o professor de ciência política e também sociólogo Valdir Eduardo Ferreira, a situação foi muito desagradável e alguns crimes foram provocados devido à insatisfação da população em relação a um governo que tem conhecimento das coisas, mas se omite. De acordo com Valdir, as pessoas vivem todos os dias as más condições de mobilidade, saúde, educação, entre outros, e isso faz com que elas percam o conceito de moral, do que deveria ser o correto.
"O sentimento é legítimo", diz. "Mas o que a sociedade passa todos os dias acaba gerando incerteza e tumulto", complementa. Valdir Eduardo compara a insatisfação de ontem com o movimento Vem Pra Rua, tema das movimentações populares ocorridas em junho do ano passado."São pessoas que não aguentam mais", afirmou.
Na concepção do estudioso, as instituições que são base da sociedade estão desestabilizadas, o que causa a desorganização social."Não deixa de ser vandalismo, mas isso é provocado porque o povo é hoje refém das instituições". Para ele, é necessário que seja feita uma reestruturação de espaços de discussão política, como as escolas, famílias, comunidades, igrejas, etc.
Remetendo às eleições e à importância do voto para as mudanças na democracia, o cientista político afirma que o partido é um mecanismo sério e importante para discussões, mas a maioria de seus integrantes "não conhece seu sentido". Para o professor, a sociedade está carente de líderes. "Talvez o que acontece agora seja necessário para enxergar que existe algo doente na sociedade, e é preciso que se encontre o medicamento", conclui.
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